Os registros mais antigos da presença humana em nosso litoral são as inscrições rupestres, as oficinas líticas e os sambaquis. Nosso blogueiro especialista em sítios arqueológicos é o Alexandre Gonçalves, co-autor do livro Aventura Arqueológica na Ilha de Santa Catarina, da Editora Lagoa, mas arrisco aqui umas linhas a respeito pois o assunto me fascina.
As inscrições e oficinas despertam maior curiosidade porque, diferentemente dos sambaquis, podem ser visitadas em seu lugar original, e também pelo mistério que as envolve. Basicamente: quem as fez, quando e por quê.
Três "levas populacionais" chegaram à Ilha antes dos europeus:
- Os primeiros habitantes vieram há mais de 5 mil anos, viviam da caça, da pesca e da coleta de alimentos.
- A segunda leva apareceu uns três milênios depois (época que Cristo?). Dominavam a arte da cerâmica e são denominados de tradição Itararé pelos pesquisadores.
- Por fim, não muito antes dos primeiros europeus, vieram os indígenas da tradição Guarani - um grupo depois chamado de Carijó. Descendentes desse povo ainda vivem por aqui.
Pelos vestígios encontrados, sabe-se qual grupo deixou qual sambaqui (em tempo: sambaquis são montes formados por conchas e sedimentos). Mas a autoria das inscrições e das oficinas segue tema de estudo e debate. Pode-se encontrá-las em diversas praias de Floripa (Santinho, Ingleses, Galheta, Joaquina, Pântano do Sul...) e em algumas ilhas no entorno, como as do Campeche, do Arvoredo, de Anhatomirim e do Coral.
As oficinas líticas (chamadas pelos antigos pescadores de "pratos ou moinhos de bugre") são marcas ou sulcos em rochas próximas ao mar. Eram usadas para o polimento de artefatos em pedra que, supõem-se, serviam para a fabricação de embarcações.
As inscrições rupestres ou petroglifos são expressões gráficas, também feitas em superfície rochosa. A localização delas - geralmente em paredões de difícil acesso, voltadas para o mar aberto - sugere uma função mística, talvez ligada à rituais voltados para a pesca e a caça.
É possível que nunca se esclareça por completo a autoria e a utilidade desses vestígios, mas vale a pena conhecê-los e preservá-los.
Na foto, estátua que simboliza primeiros habitantes, em uma das praias da Ilha onde há mais inscrições rupestres.
25 janeiro 2006
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2 comentários:
Fala Gustavo, tudo bem? Em Laguna tem um dos maiores Sambaquis do Brasil. No caminho do farol, são vários e imensos (muito altos). No Santinho, altas praia, ô, já vi várias inscrições rupestres e oficinas líticas, nesse caso também existem muitas na ilha.
Abraço.
Oi Nei, tudo bem? Sobre os "pratos de bugre" a que o Gustavo se refere, com toda certeza serviam para confecção, ou melhor, finalização e acabamento, no caso o polimento, dos utensílios de caça dos índios. Pelo menos ó que dizem os mais entendidos. Eu particularmente concordo com eles. Observo muito essas oficinas líticas.
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