03 fevereiro 2006
Para olhar e ver
A inscrição rupestre mais fácil de ser localizada e vista na Ilha de Santa Catarina fica no costão direito (sul) da praia do Santinho. No mesmo canto onde foi construído um resort de luxo que, talvez para compensar o fato de ter erguido prédios particulares em um local tão impróprio, montou uma boa infraestrutura em torno dos petroglifos. Há passarelas que facilitam o acesso e uma proteção para as inscrições, além de painéis informativos, esculturas e algumas trilhas interessantes, como a que sobe o Morro das Aranhas.
Mas a inscrição que deu nome à praia ficava no outro costão, o esquerdo. Visito esse lugar há mais de uma década e apesar das inúmeras tentativas, nunca tinha achado o local onde ficava o "santinho" (e onde ainda existem diversas outras inscrições, não dinamitadas pelos padres). Não há mesmo um guia que lhe diga: pega a trilha rente ao mar, procura na pedra grande à esquerda em cima do platô. E mesmo que houvesse, não seria tão fácil.
Há algumas semanas voltei ao costão esquerdo do Santinho e perambulei um bom tempo pelas pedras. Já tinha desistido dos petrogifos e procurava um caminho de volta quando esbarrei em uma parede da minha altura, coberta de desenhos. Fiquei um tempão saboreando o achado, me sentindo um pouco ridículo por admirar tanto aqueles riscos na pedra, mas pense bem, eles estão ali há milênios. Mesmo no "velho continente", quantas coisas podemos ver que foram feitas pelo homem há milhares de anos? Não tantas.
Era um final de tarde de sábado e diversas pessoas passavam pelo local, que é de fácil acesso. Reparei que a maioria passava sem conseguir vê-las, como eu cansei de fazer nos últimos vinte anos, aliás. Fiquei com receio por aquele tesouro arqueológico ali tão exposto, desvalorizado, até. Como bem escreveu um colega blogueiro, "moramos num enorme sítio arqueológico e sobre ele nada sabemos". E alguns, para completar, nem querem saber.
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