Acordei cedo com disposição veranil (essa é boa), sol batendo na janela, passarinhos cantando pendurados no fio elétrico do meu quintal, programa Pequenas Empresas Grandes Negócios passando na TV, finalmente me certifiquei que era domingo. Filei um pão doce (de farofa e creme) com exagerada margarina e bebemorei o esperado lindo dia com Nescau e duas pedras de gelo. Empolgada, peguei as tralhas de praia, joguei tudo na bolsa, nem dobrei, tamanha era a ansiedade. Liguei pro clube da Luluzinha pra que todas partilhassem comigo o tão esperado primeiro dia de praia versão 2005. Mas, inesperada força vinda da janela bem em frente ao telefone começou a fazer meus cabelos reagirem como numa propaganda de secador Walita. Era o desapiedado Vento “Suli”, como diriam meus conterrâneos, murchando todas as minhas expectativas. Um sol de rachar e um mini Catarina à lá Ivete Sangalo “levantando poeira” na minha casa. “Vai ver é só aqui onde moro”, pensei, mas no fundinho, sabia que não adiantava me iludir, a realidade estava ali, literalmente batendo a minha porta e uivando no meu ouvido.
O Vento Sul, conhecido também como Minuano, no Rio Grande, é aquele vento frio e forte que, quando muito forte, não dura mais do que 24 horas, e tem como uma das suas características, a alta velocidade. Normalmente, quando o tempo é ruim, o Vento Sul sopra violento e limpa o céu. Por outro lado, se o tempo estiver bom, ele também "suja" o céu trazendo nuvens. Na Ilha ele ataca com mais freqüência no mês de novembro, mas também pode acabar com a sua praia em dezembro, janeiro...
Comecei a me imaginar correndo atrás do guarda-sol, areia grudando no protetor solar, toalha dos outros voando na minha direção e uma velha gorda de tamanco gritando atrás: - pega, pega! Ou, dependo da praia: - é minha, é minha! Sem contar a água gelada e a boca roxa e cansada de tanto bater queixo. E ainda tem o trânsito de ida, engarrafamento de volta. Chega! Se nem os craques do surfe que disputariam o WCT Brasil na Joaca arriscaram enfrentar o Vento Sul, porque eu, uma branquela (por enquanto) de São José sairia da minha casa? Desmanchei a velha bolsa de praia com resquícios de areia do verão passado, guardei meu protetor solar, devolvi a bolacha Trackinas à geladeira (vocês já comeram bolacha recheada gelada?) e voltei a dormir, porque não há nada melhor do que enrolar na cama até tarde - cochilar, olhar no relógio, virar pro outro lado, cochilar de novo - em dias de Vento Sul.
06 dezembro 2005
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3 comentários:
E que adendo, hein! Valeu pelo enriquecimento...
nescau com gelo? mas tu bate no liquidificador?
Nao, né, senao vira quase um milkshake. É nescau com pedra de gelo mesmo, pra ficar bem aguado :)
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