"Eu quero perder-me a fundo no teu segredo nevoento, ó velho e velado vento, velho vento vagabundo!", diz Cruz e Sousa, na última estrofe de Velho Vento. Apesar de não ser o mais freqüente em Florianópolis, o vento sul é o mais relacionado com a história da cidade, chegando mesmo a fazer parte de sua cultura, por meio de mitos e lendas, da literatura e da música. Pelas características da cidade, uma ilha costeira, o vento sul também exerce influência significativa sobre diversas atividades econômicas, como a pesca e o turismo, e esportivas, como surf, wind surf e vôo livre, entre outros.
Em um estudo sobre a climatologia do vento sul na Grande Florianópolis, alunos do Curso Técnico de Meteorologia do Cefet/SC identificaram a direção predominante do vento na região: norte. O vento sul é o segundo mais freqüente, mas é o mais intenso e o mais frio, e normalmente está associado a chuvas. Gélido e uivante, traz o cardume de tainhas no inverno, acaba com a praia num dia de verão, alimenta histórias de bruxas no interior da Ilha de Santa Catarina, forma hábitos, costumes e crendices de seus habitantes. O historiador Raul Caldas Filho adverte: "é bom não contar muito com o ilhéu em dias de vento sul; pois só os compromissos totalmente fundamentais continuam sendo cumpridos".
São tantas histórias reais e fictícias, além de dados científicos, que é possível montar um blog dedicado apenas ao vento sul. Ele é tão arraigado à cultura dessa cidade que se acredita que ele é um aliado dos times de futebol locais. Em 2003, os jogadores do Sport Club Internacional, de Porto Alegre, voltaram atordoados para os vestiários do estádio Orlando Scarpelli, após levar um banho de bola e três gols no primeiro tempo contra o Figueirense e, é claro, contra o vento. "O cara quer correr e não vai", dizia o ala Elder Granja, na ocasião.
06 dezembro 2005
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3 comentários:
Acho q agora ficou ainda mais claro o slogan do blog..."Onde os assuntos se completam". :)))
Concordo, Alexandre. Ei, Vanin, o vento Sul é poderoso mesmo, mas não é desculpa para três gols, ô colorado!
Belo texto, Vanin!
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