02 dezembro 2005

Tomara que não chova...

Sol, praia, beleza, saúde, muito espaço pra sair, passear, curtir com os amigos, realmente Floripa é um paraíso. Aí vem a previsão do tempo, chuva para o final de semana, e o paraíso muda um pouco de cara. Todos logo pensam: o que fazer com esta chuva? Surge a escolha mais óbvia: vamos ao shopping, pegar um cineminha, fazer um lanche, relaxar um pouco. E é aí que começa o transtorno. O final de semana que era pra ser de total calma se transforma em um estresse só.

Filas intermináveis nas ruas que circundam o maior shopping da capital, ou melhor, o único (pelo menos por mais um verão). O congestionamento chega a três quilômetros só no sentido praias-centro, mas somados com os outros sentidos calcula-se que tenha aproximadamente sete quilômetros. Quase todos na fila estão esperando para entrar no estacionamento do shopping. São 981 vagas, que em dias de grande movimento têm que abrigar aproximadamente 5 mil veículos. O número de visitantes, que normalmente é de 25 mil pessoas, pode chegar a 40 mil no verão, especialmente nos finais de semana com chuva.

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Essa é uma situação bastante comum e que sempre leva a pensar: o que podemos fazer em Florianópolis nos finais de semana com chuva? Existem as feirinhas de artesanato, na Lagoa, em Santo Antônio de Lisboa, no Centro, mas todas ficam em espaços abertos, praças, ou seja, em dias de chuva, sem condições. Não dá esquecer dos museus como o Victor Meirelles, o Masc e o Palácio Cruz e Sousa. Mas é um programa legal para se fazer uma vez, não dá pra ir toda semana.

A falta de opções culturais é um problema de Florianópolis agravado de uns anos pra cá. O Shopping Beiramar, que foi inaugurado em 1993, não tem capacidade para abrigar o número de pessoas que procuram opções de lazer indoor na Capital. A cidade teve um crescimento populacional acima da média nacional. Entre 1991 e 2000 a população aumentou cerca de 3,34% ao ano, enquanto a média na região sul foi de 1,43% e no Brasil 1,64%. Isso sem contar a época de alta temporada quando a população triplica.

Todas estas pessoas vêm para Florianópolis procurando paz, tranqüilidade, uma vida mais saudável, mas o desenvolvimento de alguns serviços não acompanha o mesmo ritmo. Apesar de ter ótimas universidades, um índice de desenvolvimento humano invejável e uma das maiores rendas per capita do país, o crescimento populacional trouxe, de carona, desde problemas estruturais na captação de esgotos, desmatamento de áreas de preservação, ocupação dos morros, até a falta de opções culturais para a população.

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Com certeza Florianópolis vai continuar sempre sendo conhecida, visitada e prestigiada por suas belezas naturais, mas novas formas de lazer e cultura só tendem a ajudar no desenvolvimento da cidade e da população. Qualidade de vida é muito mais do que natureza preservada, educação básica e saúde eficiente. Envolve o estímulo a novas formas de pensamento e criatividade, o que se torna muito mais fácil quando a população tem acesso a opções de lazer e cultura inteligentes.

(trechos do texto - Um oásis no paraíso: é miragem, de minha autoria escrito em maio de 2005)

3 comentários:

Anônimo disse...

Extremamente importante essa questão da falta de opoções culturais na cidade. Tudo bem que aqui é uma ilha, cheia de belezas e etc, mas isso funciona apenas no verão ou em dias de sol. Dias de chuva ou, ainda pior, no inverno, a cidade é uma vergonha. Cinemas com programação meramente comercial - nada alternativo (exceto algumas poucas sessões no CIC); peças de teatro locais nada valorizadas pelo público - que apenas prestigia em massa espetáculos caça-níqueis com atores "globais" e por aí vai.... Mas creio que o problema não é só da cidade. A população de Floripa valoriza demais essa coisa de natureza, praia e tal....é cultura local: vale mais estar bronzeado o ano todo do que ocupar a cabeça com algo mais útil...vejo muita gente se preocupando com essa coisa de "praia"....chega a ser irritante...mas enfim...cada lugar tem o que merece....

Kátia Negreiros disse...

O pior é que as pessoas vão se contentar com a contrução dos dois novos shoppings... cultura não é só cinema, ainda mais este cinema totalmente comercial.

Anônimo disse...

Alexsandro, sim, essa é a minha opinião. Mas quando você cita algumas opções em seu comentário, são opções que servem muito mais a turistas em férias do que a quem mora e trabalha aqui o ano todo. Achei que estivéssemos falando de opções culturais, não? Excetuando os museus....barzinho pra curtir pôr do sol, trilhas e velejar....não cabe muito ao que se está falando aqui né???? Mas tudo bem....se você considera todas essas opções como culturais....é a sua opinião. Não é a minha.