Náufragos e Naufragados

Florianópolis podia muito bem ser uma daqueles cidade que aparecem nos filmes de Hollywood. É só ir até Naufragados para conferir. A praia é pequena, de água gelada e como o nome já indica, o mar é meio bravio, um santuário de navios que foram à pique ainda na épóca do Brasil Colônia. Um bom mote para um roteiro. Filme ou não, Naufragados já faz parte da história: não do Brasil, mas do Paraguai. Diz a lenda que uma nau encalhou na região e um dos marujos a bordo, Pedro Aleixo Garcia, pediu dicas dos índios para percorrer o caminho do Peabiru, que tinha mais três mil quilômetros e foi a estrada transcontinental mais importante da América do Sul antes do descobrimento da América. Garcia descobriu os incas antes do espahol Pizarro e foi um dos primeiros europeus a desbravarem a terras do hoje país guarani.

Para chegar em Naufragados a melhor opção é uma trilha, com saída da Barra do Sul ou da praia do Saquinho. A caminhada pela Caieira dura cerca de 40 minutos à pé, a maior parte na sombra. Se achou muito, a trilha é aberta o suficiente para sentar no chão, fumar um cigarro ou beber água num dos riachinhos (ou seriam córregos?) de água límpida e refrescante. Para os mais sedentários, é possível ir também de barco. A dica é ir em grupo e levar aquele amigo malandro-negociador-cheio-de-lábia. Os preços ficam por volta R$ 10 por pessoa. Na última vez que fui lá, peguei "carona" num barco junto com os butijões de gás que depois ajudei a carregar (a luz elétrica ainda não chegou por lá). Mesmo assim, Naufragados tem restaurantes e os moradores locais alugam ou cedem o gramado para quem gosta de acampar. É possível também alugar guarda-sol e cadeira por R$ 5 cada pelo dia inteiro. O antigo farol, construído em 1883 está aberto para visitação. Dito isso, é só apreciar o por do sol no alto de uma pedra, perto de uma lagoinha de água escura e fria. E ficar pensando porque ainda não fizeram um filme sobre esse lugar.