Bonecas vivas

O colega Alexandre, aqui do +D1, me deu a deixa. Dia 21, além de ser o início oficial do verão, é aniversário da Jane Fonda, precursora da ginástica em casa, com seus vídeos cheios de colants e polainas. Não é justo dizer que a culpa é dela, mas que de uns tempos pra cá a paranóia com o corpo feminino só aumentou, isso é verdade. Cada ano aparece uma “novidade” pra mulherada ficar com corpo de Barbie, e no verão, quando chega a hora de encarar o biquíni, é um Deus-nos-acuda.
É uma praga universal. Não conheço uma mulher que não se preocupe com o corpo. Não é exclusividade de loira burra. Até minha sogra, que tem mestrado, doutorado e trocentas especializações, já passou por uma “plastiquinha” básica.
Até aí, tudo bem. Se a mulher tem condições financeiras e não vive preocupada só com isso, a vaidade até faz bem. Mas algumas criaturas ultrapassam completamente os limites do bom senso. Esses dias tive a prova.
Tava na Praia Mole e queria fazer xixi, mas não tava a fim de entrar no mar. Paguei R$0,50 pra usar o banheiro de um dos bares.
Quando entrei, me deparei com duas meninas, certamente com menos de 20 anos. Ambas vestiam biquínis minúsculos, muito pequenos mesmo, quase pornográficos. Eram lindas. Uma loira e uma morena, super bronzeadas, tinham os cabelos longos impecáveis e muitas pulseiras, brincos, colares de prata. As duas estavam se olhando de costas no espelho, que ia do chão ao teto. Nem me viram entrar. Enquanto se admiravam, diziam coisas do tipo: “fica mais assim; essa pose não valoriza; encolhe assim; arrebita assado”. Usei o banheiro, lavei as mãos, ajeitei o biquíni no cantinho do espelho e elas continuavam lá, fazendo poses e analisando milimetricamente as posições que melhor favoreciam os corpos já mais que perfeitos. “O espelho não ajuda, porque a gente se vê muito reta. Tem que se olhar caminhando”. E começaram a desfilar. Saí dali chocada e acho que elas nem notaram a minha presença, tamanha a preocupação com o espelho.
Podem até dizer que é dor de cotovelo de uma simples mortal que já passou dos 30. Claro que eu queria ter um corpaço daqueles! Mas, sinceramente: não tem beleza que pague viver assim.