14 fevereiro 2006

AS RUAS E OS ÔNIBUS

Estamos acostumados a desconfiar de políticos e razões não nos faltam. Minha experiência com prefeitos pode ser resumido em três nomes (vivi 30 anos em Sampa): Paulo Maluf, Celso Pitta e Luiza Erundina. Vi a grande cidade virar uma sucata só. Não há prédio que não tenha sido pixado nessa megalópole que não foi feita para chuva. Quando vi pela primeira vez o Tamandatueí, fiquei abismado: é um rio gigantesco que as prefeituras esnobam.

Foi por isso que tive duas surpresas com o prefeito Dario Berger. Uma, que ele realmente lajotou a minha rua, e centenas de outras, espalhadas por todo o canto. Duas, que derrubou o preço das passagens de ônibus. Se for verdade o que ele disse, baseado em estudos dos especialistas, que o sistema se paga fazendo essa diminuição brutal de preços, então os empresários dos ônibus e a gestão anterior devem milhões à população.

O que isso tem com o verão? Tudo. A rua calçada inventou a comunidade: as pessoas saíram de suas casas para passear, fazer acertos finais, se cumprimentarem. Surgiram reuniões espontâneas comentando a obra e sugerindo algumas providências. A rua parece que começou a existir agora. E quanto aos ônibus, dá para ver pelos terminais: acabaram as cercas, os caixas. O que há são bancos para sentar. A cidade sai ganhando neste verão. Forças sociais despertam com a nova tarifa. Há mais possibilidade de se mover, de conviver. Há chance de um despertar mais animado.


A desconfiança continua. Mas quando existe avanço de fato, é preciso reconhecer. Uma coisa que sempre me encantou em Floripa é que não há pixações e as ruas são limpas. O país - e a vida dentro dele - depende de prefeitos que acertam. E de cidades como esta, que dão o exemplo. Digo tudo isso sem nenhuma intenção oculta. Meu título de eleitor ainda está em São Paulo.

5 comentários:

Gustavo Cabral disse...

Também elogio as melhorias em ruas e calçadas feitas pela prefeitura em bairros diversos. Confesso que escrever isso me deixa com receio de arrependimento futuro. Mas indiferente de quanto tempo durar o asfalto, pelo menos foi feito. Já a questão dos ônibus, realmente melhorou muito pra quem mora longe. Só que eu pago dois reais (até comprar o raio do cartão) por um trajeto de dez minutos. Gasto o mesmo com combustível se for sozinho de carro. Ainda há muito o que melhorar nesse esquema. Mas concordo que no geral está havendo avanço. Uma pergunta: e a Marta Suplicy, chegou tarde?

Aline Cabral Vaz disse...

Oi Nei,
Gostei muito dessa linha de raciocínio e aproveito pra reconhecer mais um feito da prefeitura: pela primeira vez existe um programa voltado aos animais de rua em Florianópolis. Pra quem luta ou já lutou por essa causa, só isso já é de tirar o chapéu. Ah, também não sou cabo eleitoral, antes que alguém pergunte. Um abraço!

Anônimo disse...

Oi Nei, muita cautela nos elogios à atual administração de Floripa. Caso utilizes ônibus para te locomover (diariamente), perceberás que a coisa não é bem assim: reduziram horários, desligaram os aparelhos de ar-condicionado, e por aí vai. Quanto ao calçamento, ao contrário do que ouvi em SP - fulano rouba mas faz, aqui entendemos que é obrigação dos administradores públicos tal retorno. Muitos deles por incompetência mesmo, outros por motivos escusos...Ah, faz um bom tempo que voto nulo.

Gustavo Cabral disse...

Só esclarecendo, não quis defender a M.Supla, só fiquei curioso pra saber pq ela não entrou na frase do Maluf-Pitta-Erundina.
Reforço o comentário da Aline: a atual gestão fez mais pelos animais de rua do que as últimas quatro juntas. Principalmente no que diz respeito à esterilização, que na minha opinião é a única solução honrosa para o problema.

Anônimo disse...

Esse papo tá bom. Esses animais, os da rua, coitados, não sabem de nada. Eles (grande maioria)são frutos da insensibilidade de alguns moradores, muitos deles de grandes metrópoles que agui vieram morar, cheios de neura com assaltos e etc, outros, de nossos manés irresponsáveis, que enchem suas casas de belos e fofinhos cachorrinhos e depois de crescidos, sabe-se lá porque (sei sim!) largam-nos ao sabor do mundo, ou melhor, de nossas ruas. Conheço muitos casos desses lá na minha área (Porto da Lagoa)tá cheio.