21 janeiro 2006

Armações

Veranistas que passeiam pelo litoral catarinense encontram algumas praias com nomes que trazem uma palavra em comum: armação. Mas nem todos pensam no que ela significa. Essas praias - e outras que não carregam mais a palavra - foram sedes de antigas armações de baleias, estabelecimentos manufatureiros dedicados à caça e processamento desses animais. Foram construídas ainda no período colonial, entre meados do século 18 e início do 19, e constituíram uma das primeiras atividades industriais na região.

Inicialmente, o objetivo era extrair o óleo produzido com a gordura das baleias, exportado para a Europa para uso em iluminação pública. O óleo também foi usado para compor a argamassa de construções mais sólidas, como fortalezas e igrejas. Mais tarde outros subprodutos, como a carne, as barbatanas e os ossos, também foram aproveitados comercialmente. Algumas armações operaram até meados do século 20 e num caso, o de Imbituba, funcionou até 1973.


  • Armação de Nossa Senhora da Piedade (1746) - Atual praia da Armação da Piedade, em Governador Celso Ramos. Foi a primeira e maior armação baleeira do litoral catarinense. Ainda há vestígios das instalações coloniais.
  • Armação de Sant'Ana da Lagoinha (1772) - Florianópolis, na praia hoje conhecida como Armação do Pântano do Sul.
  • Armação de São João Batista de Itapocoróia (1778) - Na enseada de Itapocoróia, atualmente município de Penha, litoral norte.
  • Armação de São Joaquim de Garopaba (1795) - No atual município de Garopaba, na praia do mesmo nome.
  • Armação de Imbituba (1796) - A mais meridional da costa brasileira, era uma fábrica que funcionava como prolongamento da armação de Garopaba. Foi instalada na atual praia do Porto, atualmente pertencente ao município de Imbituba. Foi também a última a encerrar suas atividades, em 1973. Hoje Imbituba abriga instituições de proteção a esses animais, com uma ONG voltada para pesquisas, a sede da área de proteção ambiental (APA) da Baleia Franca e o Museu da Baleia.
  • Armação da Ilha da Graça (1807) - Foi uma sucursal da armação de Itapocoróia, instalada mais ao norte, na ilha localizada junto à entrada do canal de São Francisco, no atual município de São Francisco do Sul.

2 comentários:

Anônimo disse...

É, no Brasil felizmente a caça às baleias acabou, mas uma nação rica como o Japão segue com a matança, mesmo estando os bichos ameaçados de extinção. Na semana passada o Greenpeace divulgou fotos de uma baleia sendo morta, um horror. Os caras dizem que é para pesquisa científica. Ah, tá.

Anônimo disse...

Parabéns, Carlito. Já conhecia a história da "Armação", porém fostes brilhante na explicação. Gostaria de lembrar, embora também saibas, que temos também ao lada da "nossa" praia da Armação, a praia do Matadeiro, ou melhor, Matadouro, onde, segundo os moradores mais antigos, era onde se fazia o trabalho após a caça da baleia.

Abraço.