Tarde de janeiro na Ilha de Santa Catarina, final do século vinte. Estávamos no Canto da Lagoa, numa casa dentro da mata onde morava meu sobrinho Juan. Começou a cair uma chuvinha de verão, dessas que trazem cheiro de terra com clorofila e despertam vontade de sair rolando na relva. Tão rápida quanto chegou ela se foi. Aí surgiram os raios de sol, filtrados pelas nuvens e pela copa das árvores numa combinação rara. O mundo ficou dourado, multiplicado por mil em cada gota d'água pendurada nas folhas. Baixou um silêncio de espanto coletivo, quebrado só pelos sons de bichinhos da floresta. Foram cinco minutos de encantamento. Aos poucos as cores
foram voltando ao trivial e aquele momento maravilhoso se desfez. Ninguém fotografou. E precisava?
21 dezembro 2005
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Um comentário:
Precisava foto, não. Consegui ver tudinho! ; )
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