30 dezembro 2005

Dança da chuva

Os adoradores do sol veneram o céu azul, mas eu quero aqui prestar minha estranha homenagem ao deus da chuva. Acredito que tal divindade manifesta-se no verão. Não falo daquela chuvinha contínua, fina e sem graça dos dias cinzentos de julho, mas ao espetáculo torrencial das àguas de março – ou de dezembro. É quando a fervura do dia prepara o show de fim de tarde. Então o astro sol discretamente sai de cena, escondendo-se sob uma cortina cor-de-chumbo. Rajadas de vento refrescam o suor, luzes de relâmpagos põem os olhos em alerta e os trovões anunciam uma entrada em grande estilo. Logo a água desce do céu com urgência, aos galões, e um indescritível perfume de terra molhada preenche o ar. Em meia hora a água se vai e a cortina celeste abre-se de novo para mostrar as estrelas. De onde escrevo, parece que o ano vai terminar assim, com as bênçãos do deus da chuva.

2 comentários:

Aline Cabral Vaz disse...

Bingo!
E gostei da descrição do espetáculo ; )

Mãezinha disse...

O post ficou muito legal! Salve o deus da chuva!